sábado, 18 de abril de 2009

Ossos x Articulações

Fluidos e Hemáceas! Ossos e Articulações! Uma relação aparentemente banal para o nosso tempo. O corpo ereto do Ciborgue se constrói por estruturas das mais diversas com o único propósito: o convencimento! Cabe ao ciborgue convencer ao homem de que a tecnologia empregada para a construção de sua imagem o faz não ser percebido como diferente ou discrepante. Cabe ao homem o convencimento da própria tecnologia empregada no processo e, neste caso, cabe a redundância: pele cada vez mais pele, olhos cada vez mais expressivos, alma cibernética a caminho da semelhança com o seu criador. Tomar um simples café sem ser percebido! É desejo do ciborgue ou do homem? Ou melhor: quem é um ou outro? Quem realiza a mímica perfeita? Quem será o ventríloco do novo tempo? Uma voz cibernética parece demasiadamente pausada e metálica, denunciante. Desta feita, o homem lança os seus ciborgues ainda de forma silenciosa, frases feitas e programadas. Aliás, creio ser este o grande terror dos 100% ciborgues - já que os somos parcialmente ou quase em nossa totalidade - ser constituido de linhas de programas. Mas vendo as linhas de código que por traz tecem as teias de seus comportamentos há um grande consolo: não possui o homem também a sua programação em seu DNA mesmo que constiutita e organizada de forma diferente? Em uma sociedade cada vez mais máquina, obedecer a comandos parece ter se tornado tão "natural" que não percebemos a nossa própria programação. Concordo com Donna Haraway em sua obra 'A antropologia do Cyborgue' quando ela afirma que há uma trajetória rumo a uma humanização da máquina. Em resposta a este tendência estamos menos humanos e não posso dizer que estamos mais máquinas pois esta palavra já ganha um novo significado, muito além de sua epiderme fria e metálica. Cada vez mais, o corpo cibernético ganha nova temperatura e o seu olhar já demonstra sentimentos como compaixão, amor e RECIPROCIDADE!